Acostumada a viajar muito e mãe de uma Chihuahua que amo de paixão, resolvi contar um pouco do que já passei nesses quase quatro anos da existência da Tequila no nosso clã.
Vou começar pela pior experiência de todas. E assim evitar que você passe pelo mesmo, pois não desejo a ninguém o drama que eu vivi…
Viajar com o pet e voltar pra casa sem ele…
Tequila nasceu em março de 2011.

A primeira vez que vi meu amor de 4 patas!
Quando eu a comprei, ela já veio com o passaporte e o chip de identificação. Ambos, itens obrigatórios aqui na Holanda. Eu sabia que em julho eu iria para o Brasil, então tratei de tomar TODAS as providências para que nada desse errado. Ou assim eu pensava.
Na época, contatei o Consulado Brasileiro em Roterdã, liguei para o nVWA, órgão holandês que trata da importação e exportação de animais. Tudo parecia estar correto.
Preparativos para viajar com o pet
Comecei, então, os procedimentos para a viagem, aqui na Holanda.
- Apliquei a vacina antirrábica 30 dias antes do embarque.
- Providenciei o atestado de saúde expedido por um veterinário 10 dias antes da viagem.
- Peguei a autorização de viagem expedida pelo órgão competente na Holanda.
- Fiz a reserva junto à companhia aérea para poder levá-la comigo na cabine.
- Fiz um double check ligando para o consulado etc.
Ufa… Tudo certo?
Contando assim, item por item, parece complicado, mas foi só trabalhoso. Logicamente que incluiu alguns gastos, também!
Beleza: deu tudo certo. Embarcamos, chegamos bem ao Brasil e passamos pela vigilância sanitária sem problemas.
Barrados na volta para a Holanda
O pesadelo começou na volta! Tudo porque não fui informada por nenhum órgão competente que gatos e cachorros que deixam o Brasil com destino à Europa necessitam, além de todos os outros requisitos, de um atestado específico chamado “Sorologia da Raiva”.
Naturalmente que eu não tinha: afinal, ela nascera na Holanda, onde a doença é erradicada – e portanto não havia, teoricamente, necessidade de fazer o exame. Inclusive, eu havia feito esta pergunta específica para a agente do órgão holandês, que me garantiu que por tratar-se de férias, o exame não era necessário.
Pois bem: poucos dias antes do retorno para casa, fiz todos os procedimentos que considerava adequados e dirigi-me ao Aeroporto do Galeão (RJ) a fim de pegar a autorização para viajar. Lá, fui informada de que não poderia embarcar com a minha cachorrinha. Fiquei devastada, chorei, implorei, usei de todos os argumentos e a resposta foi enfática: não é possível. Não é permitido. Saí dali procurando desesperadamente por um plano B.
Assim aprendi, na raça e com sofrimento, como proceder e agora compartilho com você o passo a passo para que você nunca viva essa experiência dolorosa…
Passo a passo para viajar com o pet sem passar por perrengues
Primeiras providências: chip e passaporte animal
Chipe o seu animal. Mesmo que você não pretenda viajar, pois o chip é uma ajuda em caso de perda, já que todas as informações – suas e do bichano – ficam armazenadas em um banco de dados e garantem a legitimidade do animal e do dono. Não é preciso ter pedigree para implantar o chip. O procedimento é rápido e, praticamente, indolor.
Providencie o passaporte. Ele não só é o documento obrigatório no caso de uma viagem internacional, como é uma espécie de livrinho com todas as informações de consultas, vacinas, testes imunológicos etc. É muito parecido com uma caderneta de vacinação infantil, só que mais completo.
Controle de vacinas e documentação
Mantenha as vacinas absolutamente em dia. No caso da vacina antirrábica, então, nem se fala! Se você atrasar um dia sequer a data de reforço, o atestado de Sorologia da Raiva perde a validade. Falarei desse exame com mais detalhes. Assim que você tiver em mãos o precioso atestado, leve-o ao seu veterinário, para que ele possa fazer as anotações necessárias no passaporte do seu animal.
Informação é tudo para viajar com o pet
Informe-se, exaustivamente, em todos os canais possíveis. As leis e procedimentos diferem de país para país e podem mudar com as políticas vigentes. Ironicamente, quando voltei com ela para a Holanda e apresentei o tal atestado, que me custou tanto dinheiro quanto lágrimas, fui informada de que ele não era necessário. Fiquei atônita e furiosa! Pesquisando, descobri que não era uma exigência holandesa, mas da União Europeia. Daí a pessoa do órgão local não saber me informar.
Vale a pena passar por todos os trâmites
De maneira alguma quero colocar empecilhos e tentar convencer você a viajar sem seu amigo fiel. Ao contrário, quero ajudar a evitar um aborrecimento desnecessário, já que ficar sem o pet também é muito ruim. E viajar com ele pode ser muito divertido!
Final da história: voltei para a Holanda com o coração partido e sem a minha cachorrinha. Felizmente, tenho amigos fiéis no Rio e um casal – que também tem dois labradores – hospedou a Tequila durante três meses. Foi uma espera angustiante até que eu pudesse retornar ao Brasil e “resgatá-la”. Passei por um período muito triste, mas depois desse episódio, a minha fofa Tequila já foi várias vezes para o Brasil e nunca mais tivemos problemas.
Dicas práticas para viajar com o pet
Obtenha a Sorologia da Raiva
A Sorologia da Raiva é fundamental para sair do Brasil com destino à Europa. Sem isso, não tem conversa. O bichinho não embarca! É, também, o de custo mais elevado e de mais longa espera. Qualquer pessoa que tenha intenção de viajar com cães e gatos, deve providenciá-lo (no mínimo) com três meses de antecedência da data do embarque.
Para saber mais sobre a Sorologia da Raiva, o ideal é sempre consultar um site oficial e atualizado. Alguns laboratórios estão credenciados e podem coletar o material para o exame (no caso, o sangue), mas o atestado só pode ser expedido pelo Instituto Pasteur, em São Paulo.
O resultado do exame demora em média 30 dias para ser expedido e mesmo confirmando que o animal está inoculado, ele só poderá deixar o país após 90 dias da data de coleta do sangue do animal.
Lembrando que consultar o site da instituição é o ideal, pois o procedimento pode mudar sem aviso prévio. E pode não se aplicar exatamente igual para países que não pertençam à União Europeia.
Onde obter o passaporte para seu cão ou gato?
A Vigiagro (Vigilância Agropecuária Internacional) é o órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento responsável pela emissão do passaporte. Você deve procurar a unidade mais próxima de onde você está para fazer a solicitação do CVI.
Convém consultar o site do Vigiagro para ter a informação mais atualizada possível e, também, ligar para saber qual a unidade mais próxima de você, já que as unidades de atendimento só são encontradas em grandes centros urbanos.
O que é o CVI?
O Certificado Veterinário Internacional, é a autorização de viagem que você precisa apresentar à companhia aérea no momento do embarque, juntamente com o passaporte. Ele é expedido pelo Vigiagro, e tem validade de 3 dias.
Para obter o CVI, além do passaporte e da sorologia da raiva, você deve apresentar o atestado de saúde no modelo oficial emitido por um veterinário. Em posse desses documentos, você deve se dirigir à unidade do Vigiagro mais próxima.
Eu normalmente, levo minha cachorrinha à consulta na véspera de ir ao Vigiagro, para que o atestado esteja o mais recente possível.
Uma dica fundamental é sempre consultar se as exigências para obter o certificado mudaram. Ainda que você já tenha feito o procedimento várias vezes. Nesses anos todos em que viajei com a minha Tequilinha, já houve algumas alterações, principalmente no modelo do certificado. Convém sempre consultar o órgão oficial para as informações mais atualizadas.
Sempre haverá uma chance de viajar com o pet
Entre idas e vindas, passaram-se seis anos. Minha Tequilinha ficou tão acostumada a viajar que não pode ver a bolsa maleável que eu uso nas aeronaves que fica doida pra entrar. Não desgruda da bolsa um segundo! Observa o movimento, o vai-e-vem de fazer as malas… fica ansiosa! Quando eu abro o zíper, ela pula lá pra dentro e não sai mais. E o medo de ficar pra trás???

Se você olhar bem, vai ver que ela está no topo das malas!!! rsrsrs
Não tem medo dos voos, não passa mal, não late, não reclama. Para ela, estar junto, basta. Pelos próximos três anos, ela vai ficar quietinha no Brasil, pois voltamos para casa. Mas no futuro, quem sabe para onde ela vai voar???
Oi Regina, tudo bom?
fico muito feliz que deu tudo certo com sua cachorrinha.
eu moro em Portugal e vou passar 3 meses no Brasil.
Meu cachorro já tem chip, passaporte, é vacinado contra raiva e vai fazer a sorologia em 3 dias (estávamos aguardando o corpo ter anticorpos)
Eu li em algum lugar que depois de uma longa estadia, pra voltar para europa eu teria que fazer alguma coisa mas eu perdi o site, vc saberia me informar?
agradeceria muitoo
Oi, Nathalia! Tudo bem? Antes de mais nada, obrigada pela leitura e peço desculpas pela demora em responder (por algum filtro desconhecido, seu comentário foi identificado como spam e direcionado para os itens excluídos).
Mas, vamos lá, não sei exatamente o site que você leu. Então, para não correr o risco de lhe passar informação incompleta, vou me ater ao que eu sei. Independentemente da duração da sua estadia aqui no Brasil, para retornar à Europa, você precisará ter todos esses documentos que já possui e precisará passar novamente com seu cachorro por um veterinário aqui no Brasil para pegar um atestado de que ele está apto a viajar.
Em posse desse atestado mais todos os outros documentos (sorologia, passaporte, comprovante da vacina contra raiva), você deve se dirigir a um posto da Vigiagro e solicitar o CVI para retornar à Europa.
Espero ter contribuído, de alguma forma, para tornar seus preparativos mais tranquilos.
Grande abraço,
Regina
Olá Regina, eu tenho dois gatos persas. Estou de mudança para a França daqui há 7 meses. Iremos eu e uma amiga me ajudando a levar os bebes, saindo de Salvador e chegando em Paris, com escala em Lisboa.
Você sabe como é o procedimento, é na escala ou no destino final? Meu medo é demorar em Lisboa e perder o vôo para Paris.
Será a primeira viagem em avião deles.
Olá, Felipe! Tudo bem? Antes de mais nada, muito obrigada pela leitura e pela participação aqui no post. Se é somente uma escala, você não precisará fazer alfândega em Lisboa (a menos que você saia da área internacional e passe para a área de embarque doméstico). Como não sei os detalhes dos seus voos, fica difícil opinar.
Quando viajei com minha cachorrinha e fiz escala em São Paulo, tive uma surpresa desagradável: ela tinha viajado comigo na cabine pela KLM no trecho Amsterdã/São Paulo. Porém, no trecho São Paulo/Rio, a KLM usou um voo da parceira Gol (que na época não permitia pets na cabine) e ela teve que ser despachada como cargo. De qualquer forma, o procedimento de imigração foi feito no destino final. Acredito que o mesmo se aplique para a sua viagem, já que o destino final é Paris.
Para você ficar mais tranquilo, acho que valeria a pena entrar em contato com a empresa aérea para ver se o segundo trecho será operado pela mesma companhia (ou se será por uma empresa parceira local) e já aproveitar para perguntar essa questão da imigração.
Espero que corra tudo bem com o seu voo e que você seja muito feliz na Cidade Luz, que é maravilhosa demais! Abraço!
Olá Regina, tudo bem?
Muito obrigada pelo post, foi muito útil! Quantos anos a sua chihuahua tem? Quero levar a minha Pinscher de 12 anos para morar comigo na Europa mas fico preocupada com o voo por causa da idade dela. Você já foi do Brasil para a França com a sua filhota?
Se importaria de me mandar um email ou passar o seu contato para eu tirar mais algumas dúvidas?
Muito obrigada!
Abraços.
Oi, Elisa! Tudo bem? Muito obrigada pela leitura e pelo contato.
Já viajei várias vezes para a Holanda com a minha chihuahua (voos de 12 a 13 horas de duração). Ela hoje tem quase 9 anos, mas faz 3 anos que não viajo mais de avião com ela, pois voltei a morar no Brasil.
Agora, se a sua cachorrinha estiver saudável, não sei se a idade vai influenciar tanto assim. Porém, não vou veterinária e acho que conversar com um profissional capacitado é fundamental.
De qualquer forma, você terá que passar por um veterinário a fim de preparar toda a documentação. Agora, um conselho eu lhe dou: se possível, não despache a sua cachorrinha. Viaje com ela a bordo, pois o pior para eles é a sensação de insegurança e o medo do voo.
A minha sempre viajou tranquila, pois ia no meu pé (é proibido tirar o cãozinho da bolsa). Ela dormia quase que a viagem toda. Não chorava, não ficava estressada (pelo menos, aparentemente), não “sujava” a bolsinha. Tudo sempre transcorreu muito bem.
Aqui vai o meu e-mail: reginaoki@turistafulltime.com
Espero ter ajudado.
Abraço!
Muito obrigada pela resposta rápida e email, Regina!
Ajudou muito! ??????
De nada, querida! 🙂
Olá Regina , estou passando um caso parecido com o seu, minha cachorra está no Brasil a espera desse 3 longo meses. Vc sabe me informar se a vacina dela dada aqui na Alemanha que eles falam que tem validade de 3 anos tem que ser dada no Brasil de novo ?? Pq dai teria que fazer o procedimento de 30 dias a após a vacina para coleta do exame da sorologia. Que angustiante tudo isso, Jesus
Obrigada!
Olá, Patrícia! Sei bem o que é esta longa e sofrida espera. Há quanto tempo ela recebeu esta dose na Alemanha? Ela não tem a sorologia, ainda? Fiquei na dúvida quanto a esta informação. Se ela já tem a sorologia, ela não precisa fazer de novo (desde que as doses de reforço da vacina tenham sido ministradas sempre num período de até um ano entre uma dose e outra). Isto é muito complicado porque, apesar de as vacinas na Europa terem validade de 3 anos, o órgão brasileiro de vigilância sanitária não reconhece este fato e exige a aplicação da dose a cada 12 meses.
Se a última dose que sua cachorrinha recebeu foi há mais de um ano, você precisará vaciná-la de novo aqui no Brasil, esperar 30 dias para a coleta do material e aí, sim, fazer a sorologia da raiva.
Mas, para você ficar 100% certa do que fazer, eu sugiro que você entre em contato com um funcionário da Vigiagro.
Boa sorte no processo e depois conta pra gente a sua experiência. Grande abraço!
Oi!
Por favor, me ajude
Para ir da Europa (Itália, no caso) para o Brasil, precisa fazer a sorologia da raiva?
Meu cachorrinho nasceu aqui e preciso leva-lo para o Brasil em fevereiro
Oi, Gigi! Tudo bem? Você pretende levá-lo de volta para a Europa (vem de férias) ou está de mudança para cá? Se você pretende sair com ele do Brasil, vai precisar da sorologia da raiva. Se for ficar por aqui, a vacina antirrábica é o suficiente. Precisa só se certificar se a última dose foi dada a menos de um ano.
Abraço,
Regina
Olá Regina, tudo bem?
Em um outro post vc me ajudou com os procedimentos sobre como levar meu animal para o Brasil.
Ficarei lá por 3 semanas, e para isso fiz os seguintes passos:
Vacina anti rábica em dia, fiz um tratamento parasitário conforme exigido para o Brasil, fui ao NVWA e deu tudo certo!
Duas perguntas para vc, caso saiba:
Primeira – Segundo o NVWA, por eu ficar no Brasil por uma curta estadia ( 3 semanas) eu não precisaria pegar um atestado de saúde no Brasil para voltar para Holanda.
Você tem conhecimento desta questão?
Toda vez que você voltou para Holanda com o seu animal você precisou sempre passar lá na VIGIAGRO?
Segunda – Entrei em contato com o consulado brasileiro e eles disseram que seria interessante apostilar os documentos no rechtspraak (Rechtbank), você fez isso também antes de sair da Holanda?
Oi, Sarah! Obrigada por contribuir para esclarecer dúvidas de muita gente.
Vamos lá: a primeira vez que eu vim com minha cachorrinha, recebi essa mesma orientação no NVWA. Eu vinha de férias, morando na Holanda. Foi a única vez que tive problemas. Essa orientação NÂO se aplica à saída do Brasil, pois as regras para a União Europeia são as mesmas. Tem, sim, que passar no veterinário, pegar o atestado de saúde e ir ao Vigiagro. Somente lá, você receberá o documento oficial para embarcar. Eu só confiaria nesta informação ligando diretamente para o Vigiagro. Se as regras não mudaram, eles vão confirmar esse procedimento.
Quanto à informação do consulado, honestamente, eu não conheço. Saí da Holanda em dezembro com a minha cachorrinha e não precisei apresentar nada de diferente. Pode ser que hoje exista a necessidade. Peço desculpas, mas não tenho dados para lhe orientar com certeza. Se for um procedimento simples, faça. Será uma garantia a mais. Você pode, também, ligar para a companhia aérea e fazer um double check.
Espero ter contribuído, de alguma forma. Abraço!
Muito úteis todas as informações, obrigada por escrever. Também vou viajar com minha chihuahua. Pode me dizer onde comprou essa bolsa pra ela? Obrigada.
Oi, Monique! Muito obrigada pela leitura e pela participação no post. Que legal saber que você também tem uma chihuahua! Essa bolsa eu comprei em uma pet shop aqui do Rio de Janeiro, mas já faz muitos anos. Hoje em dia, há modelos ainda melhores. O importante é você ficar atenta às dimensões máximas, para não ter problemas na hora de embarcar. Beijo e boa viagem!