Um roteiro de 3 dias em Valência é o suficiente para você conhecer uma boa parte de suas atrações turísticas e para desfrutar de sua famosa gastronomia.
Terceira maior cidade da Espanha e localizada na costa do Mediterrâneo, a cidade se mostra vibrante, eclética, cosmopolita e capaz de agradar a todas as idades, gostos e bolsos.
Valência: um pouquinho de sua História
Não tenho a pretensão de explanar sobre a rica História de Valência que, certamente, impactou tanto nas suas características, quanto na cultura popular e na arquitetura que podemos conferir na bela cidade.
Afinal, Valência é uma cidade bem antiga e que já passou por diversas ocupações diferenciadas.
Localizada ao leste do país, e mais precisamente, na Península Ibérica, a cidade foi fundada no ano de 138 a.C. pelos romanos.
Valência passou por um período de dominação árabe até ser reconquistada durante o reinado de Jaime I de Aragão.
Daí você pode imaginar a diversidade cultural e arquitetônica que resultou desse caldeirão todo.
Consequentemente, as evidências dos períodos dominados por diferentes povos e as influências que cada um deles imprimiu na cidade e na cultura local, atraem milhares de turistas, tornando Valência um dos destinos mais populares da Espanha.
Minha atração pela cidade
Eu não canso de citar aqui no blog a predileção que eu e meu marido temos pela Espanha, como destino de verão na Europa.
De maneira que sempre que pensávamos em planejar uma ida à cidade, tínhamos em mente essa época do ano, a fim de curtir, também, uma praia.
Na ocasião da visita, nós ainda morávamos na Holanda e ir à Espanha era a garantia de mergulhar num rico cenário cultural e gastronômico.
E, ao mesmo tempo, passar dias em um lugar com clima bem mais quente do que o usualmente encontrado na Holanda.
Entretanto, todas as vezes que buscávamos passagens e acomodações para o período do verão, os preços estavam salgados e acabávamos optando por Alicante .
Porém, no final de 2016, quando soubemos que voltaríamos a morar no Brasil, resolvemos ir em novembro (off-season mesmo!), aproveitando um final de semana prolongado.
No fim, para lhe falar a verdade, foi a melhor escolha que poderíamos ter feito. E você, certamente, vai entender os porquês.
Nosso roteiro de 3 dias em Valência
Nosso roteiro de 3 dias em Valência teve que ser bem enxuto para poder cobrir o máximo de atrações possível num curto período.
Principalmente, porque envolvia uma certa necessidade de deslocamento. De modo que resolvemos concentrar as atrações por proximidade.
Dia 1 em Valência – A Cidade Antiga
Começamos nosso roteiro pela Plaça de l’Ajuntament, onde fica a prefeitura de Valência, devido à proximidade com o One Shot Palacio Reina Victoria 04, o hotel onde nos hospedamos. Era um domingo ensolarado e fresco.
Aproveitamos para tomar o nosso café da manhã na Pans & Company, pois decidimos não pagar €12,50 por pessoa pelo café da manhã do hotel. Não somos do tipo que se empanturra muito. Especialmente, pela manhã.
De modo que tivemos um bom desjejum por menos de €10,00 e seguimos nosso rumo.
A primeira parada foi no Mercado Central. Queríamos passar lá em frente só para conferir a bonita fachada, que bem lembra uma igreja.
Sabíamos, contudo, que não conseguiríamos visitá-lo, pois só ele só está aberto de segunda a sábado.
Aproveitamos que era domingo para conhecer a Lonja de la Seda, pois neste dia a entrada é grátis.
O imponente prédio gótico do século XV é um belo exemplo da riqueza da cidade na época de sua construção.
Sua beleza incontestável rendeu-lhe o título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO.
Aproveitando mais um turismo 0800, lá fomos nós para a Torre de Quart, que no domingão também tem entrada grátis. Hehehe… adoro!
Um pouco de modernidade pra quebrar a rotina do dia!
Como falei no início do roteiro, as atrações foram agrupadas de maneira a andar o mínimo possível e cobrir uma boa parte das atrações da cidade.
Fomos conhecer o IVAM, que no caso não é um pessoa, mas o Institut Valencià d’Art Modern. Foi uma boa pausa. Aliás, uma parada estratégica.
O IVAM é o melhor lugar para ir com maridos e afins, já que tem sofás e aparelhos de televisão espalhados por uma galeria inteira! Hahaha…
Eu larguei o meu marido afundado num bom sofá e eu fui conferir as obras contemporâneas.
Mas, de repente, você pode preferir um colchão inflável. Beleza, tá valendo!
Eu, porém, resolvi fazer parte da instalação de algo que me seduz sempre: os livros!
Museu devidamente conferido, hora de ganhar as ruas de novo!
Torres de Serrano: hora de ver a cidade do alto
Bem perto do IVAM estão as Torres de Serrano, antiga muralha e uma das entradas da cidade.
Mais uma vez, faturamos na economia: a entrada também é grátis aos domingos. Gente, eu tô achando que todas as atrações de Valência são gratuitas no domingo!
Ou, pelo menos, muitas delas. De maneira que se você pretende turistar na cidade, reserve o domingo pra parte cultural.
Quando a fome começou a se instalar, descemos das torres e fomos caçar algo para comer e continuar a exploração pela Cidade Antiga.
Encontramos o Café La Vin, que fica na parte de trás das Torres de Serrano. É um boteco que, talvez, não chamasse muito a nossa atenção. Era bem simples, mesmo. Mas, resolvemos arriscar. E acabou sendo uma boa pedida.
O tanque (caneca de 500ml) de Turia – a cerveja local – estava geladinho e as empanadas de pollo (frango) estavam super saborosas!
Podia ser a fome, também, mas a experiência foi legal! E, de quebra, ainda tinha as torres de visual.
Voltamos para a região da Plaça de l’Ajuntament a fim de pegar um busão e ir rodar por outras freguesias.
A praia de la Malvarrosa
Como eu falei no início deste post, queríamos conhecer Valência no verão para desfrutar da praia.
Bem, o máximo que conseguimos durante essa estadia foi conhecer La Malvarrosa, uma das praias de Alboraya, municipalidade vizinha de Valência.
Resolvemos conferi-la, em detrimento das outras, por ser uma praia com uma boa extensão. Nós gostamos de correr à beira-mar, de modo que praias mais longas nos são atraentes.
De fato, é uma praia ampla, de areias finas e que deve lotar durante os meses mais quentes.
Para chegar até La Malvarrosa, pegamos o ônibus de número 32 (direção Passeig Marítim) na própria Plaça de l’Ajuntament.
O percurso até lá durou em torno de 45 minutos. Entretanto, a distância que as separa não é grande: são cerca de 6km. É que itinerário de ônibus faz aquele pinga-pinga.
Você pode, também, tentar ir até lá de metrô. Porém, pelo menos do centro da cidade, você terá que fazer uma baldeação.
A praia tem uma boa infraestrutura de lazer para os banhistas e muitas opções de bares e restaurantes, tanto modernos quanto tradicionais. Conferimos a creperia/bistrô La Girafe.
Um bônus para encerrar o domingão
Para encerrar o dia, nada melhor do que uma noite no teatro! Demos muita sorte: o musical Mamma Mia estava em cartaz no Teatre Principal de València (situado na frente do nosso hotel). E conseguimos comprar ingressos de última hora.
Obviamente que não superou o musical que havíamos assistido em Londres, pois foi não uma super produção.
E, claro, foi quase todo em Espanhol! Apesar disso, foi bem feito e as músicas foram cantadas todas em Inglês.
Colocando o itinerário do primeiro dia nesta sequência, parece que foi muita coisa. No entanto, o deslocamento a pé foi feito aos poucos.
De modo que os cerca de oito quilômetros, que andamos ao longo do dia, não se tornaram cansativos.
Além disso, como vimos coisas bem diferentes umas das outras, o roteiro não ficou nem um pouco maçante ou corrido.
Agora, se você achar que andar pra lá e pra cá vai lhe consumir muito tempo e lhe exaurir, você pode optar por conhecer os pontos turísticos a bordo de um ônibus turístico hop-on hop-off.
Comprando seu tour através do link do Turista FullTime, você paga o mesmo preço aplicado pelo site oficial do transporte. E com a vantagem de efetuar sua compra em Português e de contar com as dicas da sua blogueira amiga.
Walking Tour pelo Centro Histórico de Valência
Se você tiver pouco tempo na cidade, uma ótima alternativa é fazer o Free Walking Tour pelo Centro Histórico de Valência, oferecido pela Civitatis, parceira do Turista FullTime e operado por uma empresa local.
Para participar, basta você se inscrever através deste link aqui do blog. Não é necessário fazer nenhum pagamento prévio. Tampouco fornecer cartão de crédito.
A única coisa que você precisará fazer é fornecer seu e-mail para que sua participação seja confirmada e o seu contato telefônico (para alguma eventualidade).
Não é preciso imprimir confirmação. No dia e horário estipulados, basta você comparecer ao local de encontro e dar o seu nome para participar. É tudo muito simples e prático.
O tour é conduzido em Espanhol, tem duração aproximada de duas horas e meia e cobre os principais históricos citados ao longo deste post.
Agora, se você se interessa mais por conhecer o lado moderno das cidades, a Civitatis também tem o Free Walking Tour pela Valência Modernista, que pode ser bem interessante.
Eu visitei todos os atrativos presentes nos dois roteiros. De maneira que posso dizer, sem dúvida alguma, que se você tiver tempo sobrando, faça os dois.
Tudo bem que dá pra conhecer as atrações sem guia, mas com as explicações fica muito mais completo. Vale a pena o investimento de tempo e de dinheiro. Principalmente, porque você escolhe o quanto quer dar de gratificação para o guia.
Dia 2 em Valência – Artes e Ciências
Se o primeiro dia do nosso roteiro de 3 dias em Valência foi dedicado a conhecer a parte antiga da cidade, o segundo tinha que ser o oposto: conhecer sua moderníssima arquitetura.
Assim, saindo novamente da Plaça de l’Ajuntament, pegamos o ônibus 35 e lá fomos nós, em direção à Cidade das Artes e das Ciências.
É importante abrir uns parênteses aqui: minha grande motivação para conhecer Valência era, justamente, este moderno complexo de conhecimento aliado ao entretenimento.
Apesar de não ter formação na área, eu adoro Arquitetura e nunca dispenso a chance de conferir o trabalho de grandes arquitetos da atualidade.
Entre eles, está Santiago Calatrava, que também projetou o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro , e a famosa Ponte Zubizuri, em Bilbao.
Nós pretendíamos visitar os três pontos principais do complexo: o Hemisfèric, o Oceanogràfic e o Museu de Ciências.
Contudo, o primeiro, que na verdade é um cinema IMAX com projeção digital 3D, disponibilizava filmes com duração de 50 minutos.
Mas, como já chegamos ao local perto de 11:00 da manhã, e não queríamos desperdiçar o bonito dia de sol “trancados”, resolvemos comprar ingressos só para os dois últimos.
Contudo, gostaria de destacar dois pontos. Especialmente se você estiver viajando com crianças, vale a pena conferir todas as atrações.
Ainda que você esteja só, tenha em mente que para visitar todo o complexo com calma, você vai precisar de um dia inteiro.
Uma alternativa para baratear o custo total dos ingressos, é comprar um ingresso combinado, que vale para todas as atrações.
Além disso, se você for passar mais alguns dias na cidade, pode voltar em outros momentos para terminar a sua visita. O ingresso combinado tem a duração de 3 dias com uma única entrada para cada atração.
Oceanogràfic e Museu de Ciências
Bem, quanto a nossa visita, apesar de sermos contra o conceito de shows envolvendo animais, acabamos por assistir ao show dos golfinhos no Oceanogràfic.
Depois, fomos conhecer o interior do aquário, inaugurado em fevereiro de 2003.
De fato, o aquário é bem impressionante. Instalado em um espaço de 110 mil metros quadrados, ele é considerado o maior da Europa.
Almoçamos no próprio complexo das Cidades das Artes e das Ciências.
Na sequência, fomos visitar o Museu de Ciências, cujo objetivo é propiciar a interatividade como forma de aprendizado.
Adultos e crianças entram no clima da experimentação e têm a chance de (tentar) compreender – de maneira lúdica – as complexas regras da Física.
Meu marido adorou o lugar… Imagina: jogar um engenheiro num museu desses é acertar na mosca!
Entretanto, para alguém das Letras (como eu!), o Museu de Ciências impressionou muito mais pelo prédio do que pelo seu interior.
Aproveitamos o final do dia para perambular pelas ruas do centro.
Fizemos, também, umas comprinhas e fomos tomar umas Turias no Mercado Colón.
Dia 3 em Valência – Centro Antigo e Jardim de Turia
O último dia na cidade foi mais curto, pois tínhamos que ir embora. Então, acordamos cedo para aproveitar ao máximo o tempo que nos restava.
Escolhemos a Plaza Redonda para iniciar nosso roteiro, novamente, pela Cidade Antiga. Era uma terça-feira e não pudemos conhecer o tradicional mercado de pulgas.
Porém, se você estiver lá num domingo de manhã, não pode deixar de conferir. Li que é um bom lugar para garimpar alguma antiguidade bacanuda.
Mesmo sem a tal feira, é uma praça agradável, cheia de laranjeiras. Se você der sorte, vai vê-las repletas de laranjas madurinhas. Dá vontade de apanhá-las e consumir ali, mesmo.
A cerca de 300 metros dali, fica a Catedral de Valência, que é uma parada obrigatória no itinerário de qualquer viajante. Não podíamos deixar de conferir.
O democrático Jardim de Turia
Para encerrar nosso roteiro de 3 dias em Valência, não poderíamos deixar de aproveitar um pouco o Jardim de Turia.
Nós já havíamos passado por lá, a caminho de outras atrações. Contudo, para nossa despedida da cidade, fomos explorá-lo com calma.
O que mais nos chamou a atenção no agradável jardim de cerca de 6.5km de extensão foi o motivo pelo qual ele foi planejado.
É incrível a capacidade que alguns governos têm de transformar um grande problema ou até uma tragédia em algo positivo e que ficará para as próximas gerações.
Em 1957, o rio Turia inundou a cidade, ocasionando uma enchente que deixou 81 mortos (números oficiais). Assim, para evitar que uma nova tragédia acontecesse, o curso do rio foi desviado dessa parte central da cidade.
No lugar de seu antigo percurso, foi construído o Jardí de Turia, também conhecido como “la ciutat de les flors” (a cidade das flores).
O espaço criado é considerado o maior jardim da Europa e é totalmente voltado para o lazer da população. Ali é possível fazer caminhadas, correr, andar de bicicleta entre outros esportes.
Inclusive, dá para fazer um tour guiado de bicicleta pelo Jardim do Turia, pedalando até a Cidade das Artes e das Ciências.
O jardim é, certamente, um grande espaço poliesportivo de entretenimento para a população valenciana.
Minhas impressões sobre Valência
Posso dizer que um roteiro de 3 dias foi o suficiente para conhecer a cidade, sem atropelos. Um dia a mais, acho que teria sido exagero. Confesso, entretanto, que após ter visitado outras cidades espanholas, eu esperava mais de Valência.
Não sei se minha expectativa era baseada nas obras arquitetônicas ou pelo fato de ser uma das grandes cidades da Espanha – só perdendo para Madri e Barcelona , que eu amo.
Mas o fato é que não me surpreendi. Há, sim, lindas construções de um caráter histórico inegável. Contudo, faltou algo, que não sei descrever. Charme, talvez.
Não senti uma identidade, um diferencial, como já havia sentido em Palma de Maiorca, por exemplo, cujas praias e edificações históricas a tornam singular.
Ainda assim, é uma cidade bem cuidada, com um centro histórico bonito e bem iluminado.
Além disso, apesar de a presença de mendigos ser algo bem comum na parte antiga da cidade, não sentimos a menor insegurança, pois há bastante policiamento.
Outros fatores positivos: é uma cidade extremamente organizada, com calçadas largas e bem limpas. Além disso, o transporte público funciona bem e as pessoas são polidas.
Vale uma visita? Certamente que sim, sempre vale, pois conhecer novos destinos, é sempre muito bom. Eu planejaria outra ida para lá? Provavelmente, não.
Mas, de repente, você vai até Valência, ama a cidade e discorda completamente de tudo o que eu acabei de pontuar. Ou eu mesma, posso voltar lá e descobrir encantos que me passaram despercebidos.
Essa é, e sempre será, a maior dádiva de viajar: descobrir novos destinos ou experimentar novas sensações em lugares já visitados.
Olá Regina. Estive em Valência em outubro/19 e foi o único lugar que me deu vontade de morar… Não tinha expectativa em relação a cidade, mas achei tudo tão preservado, limpo e seguro. Barcelona, por exemplo, para mim foi o oposto. Lugares sujos, muito alvoroço, sensação de insegurança nos meios de transportes e nos lugares turísticos, muito alternativo (cheirava maconha)… Mas acredito que seja aquilo que você falou, cada um tem uma experiência. E cada lugar se transforma de acordo com a época que se visita. Mas o importante é descobrir por si mesmo. Parabéns pelo blog.
Oi, Melina! Muito obrigada por sua leitura e, especialmente, por este comentário tão legal! Concordo com o que você falou: cada lugar pode se transformar de acordo com a época em que o visitamos, nossas expectativas, nosso olhar em cada visita. Eu amo a Espanha! Sempre que posso, volto para conhecer novos lugares e revisitar os que mais gostei. Eu gosto muito de Barcelona e de Madri, mas tenho que concordar que elas podem ser bem caóticas, especialmente, durante o verão. Não sei se você já conhece a Andaluzia, mas acho que iria gostar muito dessa região. E o Norte da Espanha também merece uma visita. Principalmente, Bilbao.
Um beijão pra você e obrigada por acompanhar o Turista FullTime. 🙂