Chega meia-noite no Brasil: as pessoas cumprimentam-se ficam animadíssimas e, se estão na praia, muitas entram no mar para saudar o novo ano e pedir proteção, paz, amor, saúde e energia positiva para os meses que virão…
Meio-dia do Primeiro de Janeiro aqui na Holanda: milhares de pessoas correm em direção ao mar, para o primeiro mergulho do ano, nas águas GE-LA-DAS do Mar do Norte… é preciso coragem e muita disposição!
E esse evento já é consagrado por aqui: chega agora em 2015 a sua 56ª edição. Na praia de Scheveningen, perto de onde eu moro, estão previstos cerca dez mil participantes.
No restante da Holanda, porém, o mesmo evento acontece e são estimados mais de quarenta mil banhistas!
Conheço uma brasileira que já participou do evento. Ela me contou que sair da água é muito pior do que entrar, mas que a sopinha de ervilha ameniza o frio.
Disse, também, que no momento que você mergulha, perde um pouco o fôlego, mas que passados os primeiros segundos é possível respirar normalmente…
Tenho uma vizinha com três filhos adultos que participaram por 10 anos consecutivos… estão vivinhos da Silva e felizes até hoje. Conclusão: água gelada não mata!
Eu, honestamente, senti calafrios só de assistir! Detesto água gelada até no auge do verão carioca, que dirá no pico do inverno holandês!
Mas acho muito legal poder divulgar uma tradição semelhante à nossa, mas sob uma nova perspectiva.
Podem dizer que holandês é um bicho muito doido. Eu discordo: acho que eles são destemidos pra caramba… e não estou falando só de cair na água fria, não. Eles topam encarar um bom desafio!
Como funciona o evento?
Você chega ao local onde haverá o Nieuwejaarsduik (nieuwe = novo/ jaar = ano/ duik =mergulho), paga uma taxa de 3 euros – que lhe dá direito, também, a um gorro laranja da marca UNOX (a maior provedora nacional de rookworst, vulgo linguiça defumada holandesa) e espera a hora do “toque de mergulhar”.
A inscrição pode ser feita a partir das 10:30 da manhã, em uma tenda especialmente montada no calçadão da praia de Scheveningen, próximo ao hotel Kurhaus.
Depois, é só entrar na festa que se instala por ali, com direito à música e locutor empolgando o pessoal, até que chegue a hora de cair no mar. Missão cumprida, é voltar pra terra firme e receber o cobertor e a canequinha de sopa de ervilha entregues por voluntários.
E por falar em voluntários, isso é uma prática muito comum por aqui: a presença dos vrijwilligers (termo em Holandês). Muita gente resolve participar, ajudando na parte técnica do evento porque sabe que parte da renda é revertida para uma instituição de caridade. Importante frisar que um terço da renda deste evento será destinada à Reddingsbrigade Nederland, que é a instituição responsável por salvamentos aqui na Holanda.
Como chegar ao local do evento?
O evento acontece sempre em frente ao famoso Hotel Kurhaus e chegar lá é muito fácil. Para quem não mora em Haia (e até para quem mora!), uma boa opção é o transporte público. Partindo da Estação Central, há três opções. Você pode ir de tram (linhas 1 ou 9) ou de ônibus (linha 22). O ponto para descer é o do Hotel Kurhaus. Não tem como errar!
Se você quiser ir de carro, há opções de estacionamento: no Parkeerterrein Strandweg-Boulevard ou no Parking Kurhaus. Mas é aquilo que você já sabe: preços altos, filas grandes e estacionamento lotado. Se quiser curtir sem preocupação, opte por transporte público ou bicicleta. Melhor coisa…
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