Ontem foi o “Dia do Rei” (Koningsdag) aqui na Holanda e eu fui conferir, em Amsterdã, aquele que é considerado o maior evento nacional. Eu já havia presenciado algumas edições do “Dia da Rainha” em Assen e Groningen, mas do Rei foi a primeira vez… e que festança!
Você deve estar se perguntando: por que era Dia da Rainha e agora é Dia do Rei? Bem, não vou dar aula de História, mas até 2013, o trono era ocupado pela Rainha Beatrix (hoje, novamente princesa) que resolveu abdicar do trono em favor de seu filho, Willem-Alexander, atual Rei da Holanda.
O data escolhida para a celebração do Dia do Rei é justamente o aniversário do monarca (27 de abril), que este ano completou 48 anos. Mas, o foco do meu post é a grande animação que essa data provoca entre os súditos, sejam eles holandeses ou “emprestados” (como eu).
A comemoração já começa na véspera, quando acontecem festas e shows pelos centros das cidades. Há música e festejos por toda parte e o dressing code é o laranja, seja em discretos acessórios ou em outfits completos! Vê-se de tudo um pouco… é uma curtição.
Logicamente, que o grande epicentro da festa é Amsterdã, mas a comemoração acontece em qualquer vilazinha ou cidadezinha holandesa, em maior ou menor escala. Meu filho saiu para curtir a noite do Rei com amigos aqui em Haia e só voltou para casa às seis da manhã. Eu resolvi poupar forças para a festa na capital.
Basicamente, em toda a Holanda, o ritual é o mesmo: na véspera, a agitação é noturna por conta das festas e shows de música ao vivo ou com DJs. No dia seguinte, o povo já acorda montando suas barraquinhas, mesinhas etc. para vender as quinquilharias guardadas ao longo do ano no sótão. Vende-se de tudo: coisas novas, coisas velhas, roupas e sapatos usados, brinquedos… tudo o que você possa imaginar. É que nesse dia, as vendas (sem pagar imposto) são permitidas. É o famoso Vrijmarkt (mercado livre).
Quem não tem algo usado para vender, usa da criatividade ou talento e oferece de tudo: quitutes, bebidas, espetáculos de dança, brincadeiras valendo os itens expostos etc. O fato é que as ruas das cidades viram uma grande feira. Há, lógico, algumas regras e lugares específicos para “montar o acampamento”, mas tudo vira uma grande festa.
Eu fui conferir o Vondelpark, pois sabia que seria diversão na certa… incrível a transformação daquele parque lindo num grande mercadão. Tudo muito civilizado, harmonioso… apesar da muvuca de gente e bugigangas por todo lado.
Ri muito com a habilidade do holandês de conseguir faturar uma grana extra… o mais surpreendente de todos: turmas de amigos que vendiam ovos, com direito a tomar ovada de quem os comprava. Preço de cada ovo: €0,75… ver o cidadão de macacão laranja, óculos de mergulho e coberto de claras e gemas dos pés à cabeça… não tem preço! Mas não joguei nenhum… Fiquei com dó…
A cidade inteira parecia mergulhada em uma grande festa: multidões alaranjadas ocupavam cada mesinha de calçada, cada bar, cada praça… parecia até o Ano Novo em Copacabana!
Enfim, passei o dia todo conferindo o Oranjegekte (loucura laranja) sem presenciar um único incidente, uma confusãozinha sequer… andei horas pelas ruas e pelos canais de Amsterdã, repletos de festas flutuantes em incontáveis barcos de todos os tipos e tamanhos e voltei para a casa com aquele sentimento de que o pessoal daqui sabe fazer e curtir uma festa como ninguém!
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