Turista que é turista está sempre prestes a pagar um mico… e eu não sou exceção! Mesmo querendo abafar, volta e meia dou um jeito de causar e me enrascar!. Pois bem, sonhava em pisar numa daquelas ilhas gregas, famosas pelas lindas paisagens, mar de puro azul e bares descolados. Queria conhecê-las, se possível, em grande estilo e tudo corria muito bem… até eu chegar a Santorini!
Eu estava com o meu marido e meus filhos a bordo do MSC Musica e Santorini fazia parte do itinerário. Nem preciso dizer que era um dos portos que mais me causava expectativa! Pois bem, chegando lá os perrengues já começaram antes mesmo do desembarque, pois não há porto na ilha e, como os navios ficam ao largo, é preciso pegar um tender para chegar em “terra firme”.
Imagina o navio inteiro querendo pegar um lugar nos tenders (nome que se dá às lanchas que ficam nas laterais da embarcação)… Pra você ter uma ideia: auge do verão, navio com capacidade máxima (2550 passageiros) e o povo todo querendo chegar o mais rápido possível. Filas homéricas e paciência zero!
Pois bem, uma vez desembarcados, teríamos poucas horas para conhecer o que fosse possível antes que o navio seguisse outro rumo. E parece que todo mundo pensava a mesma coisa, inclusive os tripulantes dos outros cinco navios de cruzeiro que também estavam por lá. Conclusão: pisarmos no pequeno arquipélago ao sul do Mar Egeu, ele já estava abarrotado!
Havia somente três jeitos de alcançar a parte alta: a pé (um percurso em terreno acidentado e com cerca de 600 degraus desnivelados), de teleférico ou montado em burros, que fazem até congestionamento no local!
Eu que havia preparado meu modelito turista-de-verão-casual (bermuda branca e camiseta regata), estava confiante que iria pegar o teleférico e chegar o mais rápido possível lá em cima. Qual não foi minha frustração ao ver a fila qui-lo-mé-tri-ca do famigerado transporte.
Começamos, então, a subir a pé, embaixo de um sol de rachar, uma verdadeira aventura naquela trilha estreita e forrada de burros passando ao nosso lado transportando os valentes turistas. Percorremos poucos metros e fomos abordados por um senhor, que nos ofereceu o mesmo transporte. Só tinha um problema: eram dois burros (disponíveis a 5 euros cada pessoa) e éramos quatro.
Resolvemos encarar: eu e meu filho mais velho (com 16 anos) em um; meu marido e meu filho mais novo (com 14 anos) em outro. Que doideira! Ora eu gritava ao ver os burros vindo ensandecidos na direção contrária ou o nosso burro indo muito próximo das encostas, ora eu gargalhava: não sei bem se pelo ridículo da situação ou se de nervoso…foi surreal!
Isto sem contar o pânico cada vez que o burro se aproximava da parte cheia de vegetação do morro, pois eu tenho verdadeiro pavor de lagartos e estava certa de que iria dar de cara com um mostrando a língua pra mim!
Foi uma jornada e tanto… Deve ter durado poucos minutos mas, para mim, não acabava nunca. Só respirei aliviada mesmo quando desci, tremendo dos pés a cabeça, do pobre animal.
Claro que tive que aturar todo tipo de sarro dos meus Três Mosqueteiros de plantão! Bem, devo dizer que ouvi uns “eu vou morrer” vindos do burro da outra dupla…kkkkk!
Tanta emoção e taquicardia para pouco mais de um par de horas para ver o que dava. Eu que tinha tanta expectativa para conhecer Santorini, fiquei na vontade. Na parte em que estávamos, chamada Fira, havia muitos restaurantes e lojinhas, alguns hotéis, mas acho que o quente da ilha mesmo é ficar em um local com acesso à praia, o que de lá nos pareceu impossível.
Gostaria muito de ter ido ao outro lado da ilha, onde fica Oía, famosa pelas casinhas brancas com dome azul, mas seria necessário pegar um ônibus, e o tempo era curto demais…
Aproveitamos o que deu: sentamos para tomar uma cerveja Mithos numa varanda bem agradável de um hotel e depois fomos perambular pelas ruelas da charmosa ilha grega.
A descida foi outro capítulo à parte: depois de notar que o tal teleférico (que só tinha capacidade para 36 pessoas) continuava com a fila gi-gan-tes-ca, resolvemos fazer a descida a pé.
Cansativa não foi, porque pra baixo todo santo ajuda, mas foi bem tumultuada. Ainda assim, foi mais prudente do que pegar um burro doido pra voltar lá pra baixo descendo cheio de disposição…
Ah, nem preciso dizer que minha bermuda branca vai guardar uma lembrança do evento para sempre: ficou toda manchada de marrom por conta do suor em contato com o couro da sela do coitado do burrinho, que deve ter suado mais do que qualquer um ali… definitivamente, glamour zero!
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