Hábitos vão sendo adquiridos ou abandonados ao longo da vida. Diria até que, conforme o tempo vai passando, eles vão virando manias, cacoetes e até motivo de risadas. Mas o fato é que estamos constantemente mudando nosso jeito ver o mundo e de viver. E quando moramos em um outro país, passamos a gostar de coisas que nem imaginávamos que seríamos capazes e podemos, sim, mudar radicalmente o nosso jeito de ser!
Sem querer criar polêmica, mas devo esclarecer que às vezes fico um pouco irritada com aquelas frases do tipo “lá no Brasil é assim”…“aqui na Holanda é assado”; “brasileiro é assim mesmo”… “ ah, holandês é tudo….” blá… blá…blá… Dependendo do que vem depois, fico bem contrariada. Explico o porquê: primeiro porque não gosto de rótulos. Existem pessoas de todos os tipos em qualquer lugar do mundo. Além disso, a mesma pessoa pode se comportar de diversas maneiras de acordo com a situação, o ambiente e a interação com o outro. Geralmente, quando usamos esse tipo de frases, estamos demonstrando uma visão unilateral de determinado contexto ou evento.
Vou mais além: o Brasil é enorme e cada região tem características que a diferem das outras. Seguindo este mesmo raciocínio, mesmo em uma dada região, os indivíduos têm crenças, personalidades, experiências de vida distintas, que os tornam únicos.
Em contrapartida, a Holanda é relativamente pequena. Isto facilitaria, talvez, uma maior “identidade única”? Penso que não. Tendo em vista as diferentes províncias em que já morei, Drenthe e Groningen no Norte e agora Zuid-Holland aqui no Sul, posso destacar que notei inúmeras diferenças de hábitos e comportamentos.
Reforço que não tentarei explicar como são ou como se comportam os holandeses com os quais convivi. Até porque seria muita pretensão minha. Pelo contrário, falarei das mudanças que aconteceram comigo, com o meu jeito de ser, influências que absorvi e que mudaram minha forma de me comportar e, por que não, de ver o mundo. Procurarei destacá-las por ordem de importância na minha “metaformose”, por assim dizer:
1. Conferir todos os dias a previsão do tempo
Agora lembro dando risada, mas nos primeiros meses aqui, passei muito aperto por conta do “olhômetro”. Eu observava o tempo através da janela, devidamente protegida pelo aquecimento de dentro de casa, e saía feliz da vida, com pouco agasalho, vendo que o sol brilhava lindo lá fora… doce ilusão: mês de outubro (meu debut aqui na Holanda) e suas temperaturas de outono (às vezes beirando o zero) me fizeram bater os dentes muitas vezes. Aprendi “na raça” e hoje, como todo bom local, sigo aquele ritual sagrado: nem levanto da cama, já checo a previsão do tempo ao longo do dia a fim de planejar o que vestir, o que fazer e em que horário..
2. Aprender a me vestir “ em camadas”
Você sai à rua e congela, entra em uma loja de departamentos e derrete. Até hoje eu não consigo entender como o europeu consegue continuar vestindo casaco dentro de uma loja. Talvez para não ter que carregar… enfim, eu fico desesperada e saio tirando as camadas. Existe uma expressão que ensina a se “vestir como cebola”: você coloca uma segunda pele (ou camiseta básica), uma blusa quentinha (tipo um suéter ou pulôver ou um moletom leve) e, por último, o casaco mesmo. O ideal são três camadas. Você fica parecendo um boneco de neve ambulante, mas é a solução para o frio.
Além disso, proteger o pescoço é fundamental: tem que usar um cachecol, pois diminui muito o desconforto do frio. Luvas e gorro também são ótimos aliados. Protetor labial é um item quase obrigatório, pois o vento costuma ser cortante (às vezes, até mesmo no verão!).
Contando vai parecer exagero, mas na minha primeira vinda à Holanda, no mês de agosto de 2008 – portanto, ainda verão – dei azar e peguei temperaturas entre 12 e 18 graus. Fiquei apavorada: pensei que seria sempre assim… felizmente, não. As temperaturas podem chegar a 25 graus (e o local morre de calor!), mas sempre faz um friozinho chato no ínicio do dia e à noite. Uma jaqueta de couro leve ou uma malha sempre será bem vinda.
Pra matar a sua curiosidade: a temperatura mais baixa que já peguei por aqui foi de -14°C, mas todos comentavam ser um inverno atípico. Normalmente fica perto ou abaixo de zero – mas não tanto longe dele… e eu continuo achando a neve (das primeiras semanas) linda!
3. Usar a agenda para cmpromissos sociais
Isso era algo impensável quando eu morava no Brasil: anotar meus compromissos SOCIAIS na agenda… E tê-la sempre na bolsa! Existe espontaneidade, sim, mas o mais normal por aqui é as pessoas marcarem os eventos com certa antecedência, até mesmo para um simples almoço ou café. Não querendo rotular, mas essa história de ligar em cima da hora é meio coisa nossa – seja para convidar ou cancelar.
Aliás, desmarcar próximo da data ou no dia, também não é muito comum. É necessário haver um motivo justificável para isso. Afinal, a pessoa deixou de fazer outra coisa para se comprometer com você. Simplesmente não aparecer e depois arranjar uma desculpa esfarrapada é visto como uma falta de consideração muito grande, mesmo que seja parauma festa de aniversário com inúmeros convidados. Outro detalhe importante: ninguém vai esperar que você ligue confirmando o encontro. Tampouco ligará para lembrá-lo do evento. Afinal, é para isso que existem as agendas!
Ainda no quesito encontro, fica a dica: pontualidade não é qualidade e, sim, código de conduta.
4. Usar a bike como meio de transporte
Quando eu morava em Santos ou no Rio de Janeiro , sempre associei pedaladas a exercício físico e lazer. Então, tudo tinha que estar em alinhamento perfeito: lindo dia de sol, sem vento, com roupa de ginástica, enfim, o kit básico para curtir um dia outdoor. Seguido de água de coco, então, passeio completo!
Aqui, bike é um meio de transporte que reúne inúmeras vantagens:
- você pode controlar o tempo para chegar ao destino;
- você pode circular por quase todos os lugares (com exceção de áreas exclusivas para pedestres);
- não precisará pagar (caro) por estacionamento – principalmente no centro das grandes cidades;
- não precisará se preocupar com bafômetro… etc… etc… etc
- Bike familiar: com espaço para vários pimpolhos e preparada para qualquer tipo de clima
Você deve estar se perguntando: e quando neva? Eu opto pelo carro ou pelo transporte público, mas a vida sobre duas rodas continua firme e forte. O perigo aumenta? Sim, e as pessoas às vezes caem, mas não é algo que as traumatize. Normalmente, as prefeituras das cidades despejam sal nas ciclovias e nas ruas principais logo cedo a fim de derreter a neve e criar uma aderência melhor dos pneus. E todos, motoristas ou ciclistas, deslocam-se com mais cautela.
5. Ir ao mercado e comprar o suficiente só para 2 ou 3 dias
Logicamente que cada família tem sua rotina e seus hábitos, mas o mais comum aqui na Holanda é que as cozinhas tenham uma geladeira pequena, embutida no armário e com uma porta extra no material do restante do mobiliário. Mais ou menos pelo formato da porta você adivinha que aquela é a geladeira, mas esta não recebe “ lugar de destaque”. Se há um freezer, ou uma lava-louças, também ficam “escondidos”.
Aliado ao tamanho do refrigerador, nos grandes centros, as pessoas normalmente optam pelo transporte público ou pela bicicleta, que acabam restringindo o volume das compras. Daí o hábito de comprar só o necessário para suprir o futuro imediato. Se você vai ao mercado entre 4:00 e 5:00 da tarde, é comum encontrar filas, mas elas são rápidas, uma vez que quase todo mundo está comprando somente o suficiente para o jantar e alguma outra coisa que esteja faltando.
Às vezes, vou ao mercado de carro, mas acho tão mais fácil ir várias vezes e carregar pouca coisa, que acabei incorporando esse hábito. Além disso, os supermercados fazem reduções constantes dos itens que perderão a validade em poucos dias, então, se você vai diariamente, acaba aproveitando os descontos (que podem chegar a 50% do valor do produto).
6. Almoçar light e jantar cedo
Nem todo restaurante abre para almoço e, com exceção dos orientais, quase todos oferecem um menu bem light para a hora do almoço, em que as opções quentes são, principalmente, sopas, quiches ou sanduíches. O mais usual é as pessoas comerem uma salada ou sanduíche mesmo, com chá, café ou suco. No verão, as pessoas também tomam um vinho rosé ou uma cerveja, mas o que prevalece é mais o leve e saudável.
Por conta desse hábito, a refeição “quente” é o jantar e acaba ocorrendo entre 6:00 e 7:00 da noite. Como meus filhos sempre estudaram em período integral, sempre estive sozinha na hora do almoço, o que não justificava todo o trabalho de preparar uma refeição completa. Acabei aderindo ao hábito de uma refeição rápida e, hoje em dia, acho muita coisa fazer duas refeições completas (quentes) por dia. Simplesmente não consigo.
7. Dar conta de todas as atividades domésticas sem ajuda de terceiros
É muito raro aqui na Holanda alguém ter uma empregada “nos moldes brasileiros”. Contratar alguém que venha todos os dias e que faça simplesmente tudo deve ser uma mordomia para muito poucos. Ouso dizer que talvez seja visto com incredulidade. O holandês costuma ser muito low profile (discreto) e, mesmo quando tem alguém que o ajude, não sai divulgando. Reclamar de empregados é um tópico absolutamente inexistente por aqui.
Quem opta por algum tipo de faxina, por exemplo, paga por hora (atualmente cerca de 12 euros a hora) e o mais comum é que o(a) contratado(a) venha por um período curto (de 4 a 5 horas) apenas para auxiliar em algumas tarefas.
Às vezes, também não é tão fácil conseguir alguém para ajudar nas tarefas domésticas. Um serviço muito comum é ter uma pessoa para limpar as janelas da fachada da casa. A parte de dentro fica por conta do morador. Normalmente esse serviço é realizado por uma equipe (de dois a três rapazes) que passam uma vez por mês pela rua, com uma Van adaptada para o serviço. Eles lavam o as janelas dos moradores que os contrataram e no final do dia passam recolhendo o pagamento. O pé direito da minha casa é bem alto e as janelas são enormes, portanto, esse é um serviço que eu prefiro contratar.
8. Usar lencinhos umedecidos para limpar quase tudo
Por não haver tanto a cultura de ajuda paga, as pessoas costumam facilitar as tarefas com bons produtos e equipamentos. Os lenços umedecidos são uma ajuda e tanto e podem ser encontrados com múltiplos usos: para o banheiro, para a cozinha, para lustrar os móveis, para limpar vidros e até para passar no chão. Simples e fácil: você usa e joga fora. Perfeito para limpezas do dia a dia.
9. Ter um calendário específico para aniversariantes do mês
Esse é um hábito bem curioso e diferente para nós. A primeira vez que entrei em um lavabo aqui na Holanda (toda casa tem, até as mais simples), vi aquele calendário com os nomes e os dias do mês e logo concluí tratar-se de um quadro de aniversariantes. O engraçado, para mim, foi encontrá-lo no banheiro social: por quê? Me indaguei, e depois fui perguntar para brasileiros que moravam aqui há mais tempo.
Bem, as casas aqui na Holanda costumam ter mais de um andar. E todos os integrantes da família usam o lavabo quando estão no térreo. Os holandeses têm o hábito de enviar cartões de aniversário ou de ligar para dar os parabéns e essa é a forma que encontraram de não se esquecer dos entes queridos.
Eu confesso que tenho um calendário desses (que são vendidos aos montes em lojas, papelarias etc), mas não o deixo no lugar de costume. Ele está num canto do meu escritório e eu tenho acesso direto a ele, mas sem “enfeitar” o lavabo.
10. Mandar cartões que não sejam de aniversário ou Natal
Este é um hábito que considero extremamente gentil e admirável aqui na Holanda. Aos pouquinhos tenho tentado incorporá-lo e colocá-lo em prática sempre que possível. Acho uma pena que, com o surgimento das redes sociais, as pessoas troquem cada vez mais mensagens virtuais e que não enviem cartões.
É tão mais emocionante recebê-los pelo correio! É tão mais pessoal… e os holandeses os enviam com frequência. Seja para parabenizar por uma nova casa, um novo emprego, o nascimento de um bebê, a formatura de alguém ou, simplesmente, para desejar que a pessoa se recupere de uma enfermidade ou que supere um momento difícil. Esse é um gesto de profunda delicadeza. Tenho comigo todos os cartões que recebi aqui na Holanda durante todos esse anos.
Há alguns, porém, que por considerar tão autênticos, vou contar pra você…
Meu filho fazia aulas particulares de piano. A professora nos enviou um cartão para comunicar que o período de férias escolares seria devidamente cobrado. Uma forma gentil de dizer “eu também tenho direito a férias remuneradas”…
Quando morávamos em Assen, uma família holandesa mudou-se para a casa ao lado. Eles mandaram fazer um postal com a foto da casa e enviaram para nós, com os respectivos nomes, telefone etc. Um jeito simpático de se apresentar aos vizinhos.
A família que mora, atualmente, ao lado da nossa casa ficaria fora durante todo o verão e nós também estávamos viajando. Eles nos enviaram um cartão avisando não só o período que estariam longe, como fornecendo os números de telefones deles e dos filhos para o caso de alguma emergência.
Cartões anunciando o nascimento do bebê (e convidando para conhecê-lo) também são muito comuns. Têm também dupla função: informar o nome, o dia do nascimento (e, às vezes, até o peso e altura) e organizar o dia e o horário da visita, já que traz também o período ideal para receber você e, assim, evitar que você apareça sem avisar. Aliás, geralmente, causa de desconforto entre os locais… mas isto fica para outro post!
11. Aprender a lavar roupas sem usar o tanque
Este é um hábito que sempre tive: lavar a mão as roupas delicadas, esfregar as roupas encardidas de futebol, lavar os tênis e as chuteiras dos meus filhos… okay, posso fazer tudo isso aqui também, só que na pia do banheiro ou da cozinha. Já cheguei a deixar roupas de molho na banheira(!), mas tanque, mesmo, só vi em duas ocasiões por aqui.
Havia um na garagem da primeira casa em que eu morei (planejada e construída para expatriados!) e em uma casa para alugar que fui ver certa vez. Se até mesmo passar roupas não é hábito tão comum por aqui, quem vai perder tempo e energia esfregando roupa?! Bom, eu continuo fazendo os dois… mas isso é uma escolha pessoal..
12. Abastecer o tanque de combustível do carro… com as próprias mãos
A primeira vez que abasteci sozinha o tanque do meu carro, tive a sensação de que, se eu fizesse alguma coisa errada, mandaria tudo pelos ares! Tolice pura, abastecer é fácil, rápido e você só vai encontrar o funcionário do posto quando chegar ao caixa para dizer o número da bomba que usou e pagar. Nada de vidro lavado, nada de gorjeta, é só com você mesmo que você vai contar.
13. Lavar o carro no lava-jato sem ajuda de atendente
Existe lava-jato padrão aqui na Holanda, mas você também tem a opção de comprar um ticket no caixa do posto, levar seu carro aé a tal cabine, colocá-lo na posição correta e depois digitar o código do tipo de lavagem que você comprou. Aí ou você volta para o carro e segue o procedimento já conhecido, ou fica atrás do vidro, assistindo. Se quiser limpinho por dentro também, há em todo posto um aspirador de pó que funciona com moedas. Mais uma vez o do-it-yourself (faça você mesmo) colocado em prática!
14. Comprar roupas e levar para casa sem experimentar
Eu gosto muito dessa possibilidade, principalmente no inverno, para não ter que “descascar a cebola”. As roupas daqui não têm tanta discrepância de tamanho entre as marcas e, se você sabe seu número, é muito mais simples levar o item para casa e experimentar com calma. Se não gostar ou não servir, basta devolver. Não há obrigatoriedade de trocar por outra coisa nem de explicar o motivo da devolução.
15. Dar cadeaubon de presente
Cadeaubon significa cartão de presente. Você vai a qualquer loja e pode comprar cartões com valor específico ou pode carregar o cartão da loja com o valor desejado. Ele é, então, embrulhado numa caixinha ou colocado em um envelope e, depois, o contemplado vai até lá e gasta como quiser.
Este tipo de presente é muito utilizado para diferentes ocasiões e para qualquer grau de intimidade. As pessoas normalmente gostam de ganhar, pois é uma forma de escolher seu presente. Ainda mais quando vários amigos ou familiares combinam de comprar o da mesma loja, pois assim o valor a ser gasto fica bem maior e aumenta a possibilidade de escolha
16. Pagar tudo à vista
Quase não existe compra parcelada aqui na Holanda, que só acontece para itens muito caros, como carro ou casa, por exemplo. As pessoas costumam poupar e aguardar o momento certo da compra, já que a possibilidade seria parcelar no cartão de crédito, e ninguém quer arcar com os juros.
17. Comprar flores sem ter ocasião especial
Holanda é o país das flores que são, junto com os moinhos de vento, seu cartão-postal! Logicamente que elas são amplamente vendidas por preços bem convidativos. Impossível não querer comprá-las sem motivo, só para enfeitar e colorir a casa. Gosto de fazê-lo nos finais de semana, quando todos terão tempo de apreciá-las. Tulipas são as minha favoritas mas, infelizmente, não é possível encontrá-las o ano todo.
18. Cozinhar com vinho todas as noites… Às vezes, até usá-lo nas minhas receitas
Eu já gostava de vinhos, mas nem sempre bebia quando morava no Brasil, devido ao clima e aos preços. Aqui, ocorre justamente o contrário: o friozinho pede um bom vinho tinto e os preços são absolutamente razoáveis, já que ele é taxado como alimento e, não como bebida.
Acha-se vinhos de todos os tipos e preços, acessíveis a qualquer bolso e gosto. O surpreendente é pagar mais barato por um vinho chileno aqui do que eu pagaria no Brasil, mas não vou entrar nesse mérito. O fato é que o preço e as condições climáticas fazem um casamento perfeito para uma boa taça de vinho enquanto preparo o jantar. Um hábito delicioso e aconchegante!
19. Beber chá todas as noites
E por falar em hábitos deliciosos e aconchegantes, tem algo mais gostoso do que uma xícara de chá quentinho, tomado embaixo de uma mantinha aninhado no sofá? Outro ritual que tornou-se imprescindível na minha vida. Chego a levar uma Kettle (chaleirinha elétrica) na minha bagagem para não me privar do meu chá nem longe de casa…
20. Acender velas sem motivo (tipo, religioso… ou apagão!)
Flores, chá de hortelã ou camomila, uma manta quentinha, um pijama de flanela e umas velinhas espalhadas pela sala de estar: combinação mais-que-perfeita para um fim de noite relaxante. Adoro acender as velas e colocar aromatizantes nos difusores; o ambiente fica tão perfumado e acolhedor que é impossível não ficar feliz.
Faz um bem enorme para a alma, para o relacionamento e para a família. As velas também são outro produto barato e altamente difundido aqui na Holanda. Habituais em restaurantes, pubs, mesinhas ao ar livre… até na academia de ginástica. Criam um clima agradável e familiar em qualquer lugar, sejam elas usadas para iluminar, aquecer, ou simplesmente para ajudar a compor a beleza de cada lugar.
21. Usar somente o aspirador e aposentar a vassoura
Este item foi contribuição de uma grande amiga, a Grace, que tantas coisas me ensinou sobre a Holanda e a vida… acho que já falei sobre essa querida figura na minha vida em outras ocasiões… Pois bem, havia esquecido de incluir este hábito, apesar de praticá-lo regularmente.
Independendente do piso em questão (inclusive no banheiro e na cozinha – minhas duas últimas com piso em madeira), a maioria das pessoas usa o aspirador para tirar a poeira e tudo o que estiver sujando o chão e depois finaliza a limpeza com um pano úmido. O rodo ainda tem uma função… mas a vassoura (dentro de casa) já perdeu a utilidade por aqui. No máximo, ela reina no quintal… e olhe, lá!
22. “Lavar o banheiro” sem provocar um dilúvio
Aqui, mais uma contribuição da já famosa Grace…
Na Holanda (até onde eu sei) não existe ralo no chão do banheiro. Existe somente no chuveiro ou na banheira ou… no chuveiro que, muita vezes, fica em cima da banheira: otimização de espaço aliada a variações de gosto para banho…rsrs!
Então, fica difícil lavar o banheiro naqueles nossos moldes antigos de jogar baldes e baldes de água no chão. O que se faz, com frequência, é tirar o pó com o aspirador (olha ele de novo!) e finalizar com pano úmido. O resultado é excelente, mas exige uma mudança de pensamento, o que às vezes leva um tempinho…
Uma mudança de comportamento para o resto da vida…
Aqui na Holanda, consegui simplificar a minha rotina doméstica: aprendi a usar somente aspirador de pó e consegui aposentar a vassoura. Aprendi, também, a preparar as refeições em menos de uma hora. Aprendi a pendurar as roupas em cabides, para facilitar o restante do trabalho. Aprendi a delegar e pedir ajuda aos meus três meninos (marido incluído)… E tantas outras coisas que facilitam o meu dia a dia. A lista não acaba aqui…
Tenho certeza de que sempre acrescentarei mais uma mania, mais um hábito à lista. Como falei, inicialmente, é impossível a interação sem a troca. Sem que eu perca um pouco de mim e ganhe um pouco do outro. Isto não quer dizer, contudo, que seja algo negativo. Eu acredito absolutamente que manter a mente aberta e o espírito livre de julgamentos e críticas sempre facilitará a aceitação do novo, do outro e o redescobrimento de si mesmo.
Sei que nunca pensarei ou agirei como holandesa, pois trago comigo e para sempre a minha identidade, mas isso não quer dizer que eu não possa me modificar, acrescentar e, por que não, também influenciar de certa forma as pessoas à minha volta. Enquanto a troca for sadia e agradável para todos, a integração estará valendo. E vai somar!
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